sobre mim

O ato de desenhar em um papel, portanto, seguiu sendo na minha vida algo que sempre me remetia a esse lugar na companhia de meu avô, mas durante a maior parte da minha puberdade, isso ficou guardado no meu inconsciente. Tudo isso voltou como uma avalanche quando minha família se mudou para a Holanda, eu tinha 14 anos na época. Fomos viver em Hilversum, uma cidade muito agradável, cheia de natureza e de pessoas famosas que trabalhavam na televisão holandesa. Passei a ingressar meus estudos em um colégio internacional, onde convivi com diversas culturas, era uma atmosfera muito rica, descontraída, cheia de desafios e descobertas. Viver na Europa é respirar arte para todo o lado, de uma forma bem diferente de como vivemos no Brasil. Sempre tive saudades do Brasil, sempre senti que deveria retornar pro meu país e fazer algo relevante. Pois bem, em um final de semana, minha família decidiu ir fazer um passeio na Bélgica, estávamos explorando a cidade de Bruxelas, muitas igrejas e espaços culturais em construções bem conservadas. Já havíamos visitado algumas igrejas, estávamos caminhando na praça central e foi quando me deparei com um cartaz de uma exposição: lá estava o rosto em preto e branco de um homem com os bigodes ouriçados e olhos arregalados. Era uma exposição do Salvador Dalí. Aquela figura me cativou, não sabia quem ele era, mas precisava ver aquilo de perto. Falei pros meus pais que preferia ir lá do que visitar mais uma igreja, combinamos de nos encontrar mais tarde. Foi uma experiência muito marcante para minha vida de artista, eu vi desenhos, pinturas, projetos originais do artista, assim como uma sala repleta de jóias de sua autoria. Pela primeira vez eu senti o estado epifânico que a arte pode causar no ser humano, a famosa “Síndrome de Stendhal”. Eu precisava mergulhar mais naquele mundo surrealista infinito e encantador.

Nos finais de semana, obtive o hábito de ir para Amsterdam e visitar o museu do Van Gogh. Virou uma obsessão, eu tinha que ir e voltar lá, todo final de semana que pudesse, foram dias espetaculares e intensos para minha percepção.

Na aula de artes no colégio, comecei a estudar Leonardo Da Vinci e me encantei com a sua genialidade e diversidade de interesses e profissões e passei a pensar nos trabalhos que estava fazendo como se fosse uma artista; gostei daquela sensação de experimentar o poder e a liberdade ao mesmo tempo.

De volta ao Brasil, por volta dos 18 anos senti que devia obedecer a essa pulsão artística, e passei a pintar compulsoriamente e pesquisar sobre diversos artistas da história da arte e da contemporaneidade.

Sigo-o fazendo até os dias de hoje.

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